sábado, 30 de maio de 2009

Aos jovens do Brasil

Não quero lhe falar meu grande amor das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi e tudo que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar, eu sei que o amor é uma coisa boa.
Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem, há perigo na esquina.
Eles venceram, e o sinal está fechado pra nós que somos jovens.
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz.
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada com uma nova invenção
Eu vou ficar nessa cidade não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração
Já faz tempo eu vi você na rua
Cabelo ao vento gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu tô por fora
Ou então que eu tô inventando
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude
Ta em casa guardado por Deus contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais



Eu optei em não colocar o nome da canção e nem quem a interpreta – apesar de imaginar que muita gente já deve ter percebido qual é a música – porque o que eu queria na verdade é que vocês lessem e não cantassem.
Essa é a música “Como os nossos pais”, Elis Regina, composta por Belchior.
É incrível, mas ela tem 40 anos e não poderia ser mais atual. Ou será que é porque nada mudou da década de 60, 70 até agora?
Há 40 anos – durante o período militar - essa música tinha a intenção de fazer os jovens lutarem pela volta da democracia, pela sua liberdade, mas principalmente, essa canção em particular, de criar uma característica para a juventude da época.
Por quantas e quantas gerações iremos passar, para que façamos a diferença?! Como diz a canção, não valorizamos a nossa cultura atual, nossos princípios, nossas vontades. Obviamente que devemos respeitar as outras, mas isso não parece nostalgia? Só o antigo era bom, só o de antes funcionava... Daqui há 20 ou 30 anos vamos dizer que o de HOJE era melhor. Então porque não valorizarmos agora. Porque não tentamos uma mudança.
A cultura não mudou muito (me refiro àquela política do “pão e circo”) As idéias não mudaram, os interesses um pouco. Mas o que nós, os jovens, os responsáveis por essas futuras mudanças estamos fazendo?!
Só para abrir um parêntese aqui, há um ano e meio atrás, eu estava conversando com um amigo e disse que havia desistido da política brasileira de tentar uma mudança, de auxiliar – e não politizar a força – alguém que não tivesse tanto interesse em acompanhá-la, por que eu estava desiludida, a gente tentava, tentava e as mesmas baixarias continuavam acontecendo.
Ele me disse nas seguintes palavras: “Vanessa, você não pode desistir, se nós desistirmos, quem vai tentar?!” Bom 1º que me senti uma egoísta, depois me senti responsável em acompanhar em discutir, em refletir, em aceitar opiniões divergentes.
Se nós não fizermos que vai fazer?.
Essa semana saiu uma pesquisa em todos os meios de comunicação quanto aos impostos. Nós trabalhamos esses cinco primeiros meses do ano para pagar os tributos do governo. Alguém se interessa em saber onde ele está sendo investido? Comece pelos representantes da sua cidade. Se informe dos seus projetos, iniciativas, regulamentações de leis, etc.
Se nós deixamos de lado, continuaremos vivendo como todas as gerações anteriores, com corrupções com uso indevido do dinheiro público, com os mesmo charlatões cuidando do nosso país, assim como nossos pais viveram e ainda vivem.




Por Vanessa Aguiar

2 comentários:

  1. Van... o que você falou é fato. Deixamos as coisas passar para as vezes não ser chato ou não querer se meter em rolos. Mas o que ganhamos com isso? nada ... os roubos de dinheito público continuam, inustiças, preconceitos, tudo continua da mesma forma.
    Precisamos pensar em mudanças e tentar melhorar a cada dia. Vou começar pela minha cidade!!! Tomara que mais pessoas se insentivem a buscar também.

    muito bom o texto mesmo.. parabéns!!

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  2. A juventude de hoje anda meio acomodada, pensando que tudo o que tinha que fazer já foi feito há alguns anos. Mas, não é bem assim... Vamos lutar por dias cada vez melhores, vamos tentar tirar do papel e passar para a prática, vamos deixar um país melhor para filhos, netos, sobrinhos, assim como recebemos de nossos avôs, pais e tios.
    Ótimas palavras autora!

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