quinta-feira, 30 de julho de 2009

Conquista Infeliz

O Brasil é o primeiro no ranking da FIFA. Não, não escrevi nenhum absurdo, o Brasil é o primeiro país no ranking com maior número de mortes em estádios de futebol e seus arredores. Nos últimos dez anos morreram 42 pessoas que estavam nesses locais, ou próximo a eles, mas a relação com o jogo que ocorria era inegável. A pesquisa foi realizada pelo sociólogo e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Mauricio Murad. Anteriormente o Brasil estava na terceira colocação, atrás da Itália e Argentina.
A pesquisa aponta que a maioria das mortes foi entre jovens de 14 a 25 anos, de classe baixa e média baixa, com apenas o ensino fundamental e desempregados. Mas um outro dado preocupante é que a maioria desses jovens não tinha um histórico de violência, ou seja, não se envolviam em brigas, segundo a pesquisa eram “inocentes”. De qualquer forma devemos levar em consideração que em brigas dentro e fora dos estádios, a polícia acaba prendendo um ou dois, portanto não sejamos nós os inocentes em pensar que pelo menos alguns desses torcedores não tinham relações com brigas encomendadas.
O que é mais impressionante é que essa pesquisa não foi muito divulgada pelos meios de comunicação, a ponto de chamar a atenção das autoridades, afinal a copa de 2014 está por vir, quatro anos passam muito rápido quando temos um problema de segurança pública para cuidar, e essa é a maior preocupação da FIFA, a segurança dos turistas e apreciadores do maior evento de futebol da terra.
Segundo a pesquisa os jogos em que ocorreram as mortes já haviam brigas encomendadas na internet, como no orkut, twitter e blogs, por exemplo. O que mostra que seria mais fácil para a polícia saber antecipadamente desses “acontecimentos”, evitá-los e punir os responsáveis. Mas não, esperam as duas torcidas adversárias se encontrarem para fazer uma escolta para os ônibus, ou usar seu spray de pimenta, balas de borracha e bombas de efeito moral. E depois perguntam porque famílias freqüentam pouco os estádios.
O grande problema é a falta de punição. Enquanto as conseqüências não existirem para esse tipo de violência, continuaremos liderando um ranking que ninguém gostaria.
Por Vanessa Aguiar

domingo, 19 de julho de 2009

O frágil e poderoso Michael Jackson

Brilhante texto que recebi por e-mail do professor José Rafael Mazzoni. Impressionante a visão deste autor que demonstra a realidade sem deixar de lado o glamour de um ídolo. Realmente, como diria uma banda, o pop não poupa ninguém.

O frágil e poderoso Michael Jackson

Falar de mídia sem falar deles seria omissão. Falar deles na mídia, sem falar de limites seria ingenuidade. Brancos ou negros, são nomes que marcaram época, alguns desde a infância. Judy Garland, Frank Sinatra, Marilyn Monroe, Elvis Presley, Os Beatles, Madonna e Michael Jackson ganharam fortunas com a beleza, a voz, com a cintura e com os pés. Deixaram o seu recado. E pagaram um alto preço pelo caminho que trilharam. Mas os críticos são unânimes em dizer que Michael Jackson na era digital de altíssima tecnologia, foi o mais expressivo e o mais revolucionário de todos. Tornou a música visual, mais do que Elvis que a tornou corporal. Todos foram rebeldes, todos deixaram suas marcas, e alguns deles tiveram vidas e mortes trágicas. Não seria exagero dizer que a fama os matou. É preciso ter força interior e um projeto de vida maior do que a fama e a mídia para derrotá-las. Mídia e fama são como tsunamis. Avolumam-se e engolem quem não sabe dos limites ou das margens. Não tem para onde fugir.
Michael Jackson foi mais uma das vítimas da falta de limites e margens da mídia. No palco, ele foi poderoso. Buscava o melhor e o bem feito. Profissionalíssimo, era um perfeccionista. Não havia erros. Nas finanças e na mídia, imbatível até que o dia em que começaram a lhe cobrar o preço de sua não conformidade com seja lá o crime de que o acusam. A justiça diz não ter achado provas. Forte na arte, na vida era de uma fragilidade que dava dó. Quando morreu, a 25 de junho, com o médico ao lado, supostamente de overdose de remédio, tinha dominado, como nenhum outro astro jamais o fizera, as técnicas da mídia. Daqui a vinte anos ele ainda soará inovador e criativo. Ninguém melhor do que ele conjugou o sonoro com o visual. O menino punido pelo pai, pressionado até à exaustão para ser perfeito tornou-se um dos maiores artistas de toda a história humana. Teve os instrumentos e fez uso deles. Chegou a quase 2 bilhões de pessoas.

Cantor e dançarino de vastos recursos, ele mudou a mensagem do corpo e recriou a dança popular. Mereceu o título de artista pop. Mercadejou e mercantilizou bem. Fez o mundo dançar. Encarnou a festa do corpo e do som. E ele sabia disso! Dominava os passos, o som e os ritmos, mas parecia não ter domínio sobre sua corporeidade: não se aceitava, embora usasse o corpo de maneira esplendida. Mexeu com ele e com o corpo de bilhões de pessoas, mas acabou, também, mexendo demais no próprio corpo. Tanto interferiu que o deformou. Na época do botox e do silicone, sirva de exemplo o que se deu com ele. Mas é conselho que o desespero pela estética mais do que a busca da ética não será seguido. Não importam as conseqüências. Quem persegue o corpo perfeito acabará injetando substâncias químicas nele. O preço? Pagam o que for preciso para por alguns anos desfilarem como reis e rainhas da era da estética… Michael Jackson disse que tinha motivos. Respeitemos sua angústia, mas lembremos aos que acham ter motivos que, mais cedo ou mais tarde, o corpo reage.
Dele se pode afirmar que, se soube atuar com o corpo, não soube situar-se com ele. Festejou a vida, mas não soube vivê-la. Quis dela mais do que a vida pode dar. Era figura altamente controvertida. Processado, tido como vítima inocente, às vezes visto como monstro, julgado à revelia pela mídia que antes o exaltara, inocentado, explorado, perdeu parte da sua enorme fortuna para resolver seus gigantescos problemas.

Foi anjo? Foi demônio? Nem um nem outro, Foi um frágil ser humano que não resistiu ao peso da indústria do espetáculo e da fama. Fez enorme bem, e nisso parecia São Francisco. Acusaram-no de haver feito irreparável mal. E nisso o viam com um jovem Rasputin. Mas foi inocentado. A justiça não tinha provas. Morreu dizendo-se inocente. Uma parte da mídia o odiava, a outra o amava. Assim, o povo.

Vendeu mais de 700 milhões de álbuns. Nunca ninguém alcançou isso na história do espetáculo. Se os Beatles se proclamaram mais famosos que Jesus, ele foi mais famoso do que os Beatles. Daqui a 2 mil anos veremos o quanto resistirá esta fama. De qualquer forma, Michel Jackson ensinou três gerações mais a dançar do que a pensar. Passou pelos avós, por filhos e por netos. Será lembrado nas enciclopédias como alguém que mudou a historia do corpo, do canto, da dança, do som, do vídeo e do espetáculo. Veio para mexer e mexeu com gerações. Mas pagou altíssimo preço pela opção que fez. Perdeu a liberdade. Nunca pode ser ele mesmo. Não podia sair de casa a não ser com guarda-costas. Não sabia não ser e também não sabia ser ídolo. Queria ser simples, mas não lho permitiam. O show tinha que prosseguir.

Quando criança, o pai lhe proibia quase tudo e ele era obrigado a ensaiar exaustivamente. Quando adolescente, a fama o mantinha isolado. Isolado, morreu depois de ter criado e vendido um parque onde ao menos podia viver suas fantasias. Nos últimos anos, poucos viram o seu rosto. Poucos conhecem o rosto de seus filhos e o de sua segunda mulher. Talvez seja melhor assim.

Michael Jackson é mais uma das grandes vitimas dos barbitúricos, da solidão, da fama e da bilionária indústria do espetáculo. A fama é um trem e quem quiser carona no vagão especial, que pague o preço! E quando mais perto da locomotiva estiver o vagão, mais caro o preço. Mas o desejo de ser aplaudido é tanto que poucos se dão conta da fatura que terão que pagar. Serve para crentes e para não crentes. Lembremo-nos de Marilyn Monroe, de Elvis Presley e Michael Jackson, mas lembremo-nos também de Jim Jones e da Freirinha do Dominique-nique-nique… Elvis era evangélico, Michael tornou-se muçulmano, Jim Jones fundou uma Igreja messiânico-pentecostal e se matou depois de envenenar 800 do seus fiéis. A Irmã Sorriso deixou o claustro para morrer suicida ao lado de sua companheira. Em algum lugar do caminho a religião parece não ter ajudado nem a um nem a outro.

Celebridade nem sempre rima com felicidade! Vem tudo com juros extorsivos. Ele tornou-se um ícone e ícones acabam guardados a sete chaves. As chaves que o isolaram do mundo foram muito mais do que sete; e tão cheias de segredos impenetráveis eram que acabaram por jogá-lo numa redoma. Cantou muito, dançou muito e quase nada falou. Morreu sem ter se explicado a si mesmo e ao mundo.
Deus o entende. Que o maior artista dos últimos tempos e, talvez, de todos os tempos pela repercussão que alcançou, descanse em paz, depois de ter sido ouvido e visto por dois em cada 6 seres humanos do planeta. Ele e Elvis Presley e Marilyn Monroe, têm muito a conversar lá, onde agora estão. Morreram de overdose. Não estavam felizes. Tinham tudo, mas não tinham a si mesmos. Jesus alertou para isso. De que adianta alguém ganhar o mundo inteiro se perde a sua identidade? (Mt 16, 26)
Neste mundo eles interpretaram o povo, a mídia e as aspirações e loucuras do seu tempo, mas, depois que caíram nas mãos da implacável indústria do espetáculo, papel assinado, não tiveram mais como ser eles mesmos. Havia uma voz, uma canção, um charme e um corpo a ser vendido… Há um tipo de mídia que mata, a curto e em longo prazo. Se o cantor não sabe quando parar a mídia também não sabe: suga-o até à ultima gota. Michael Jackson virou, desde criança, produto de consumo! Se ele quis isso, nunca saberemos. Só sabemos que foi levado a isso e não soube dizer não. Feliz de quem o consegue. A palavra é “limite”.
PE. Zezinho SCJ
Postado por: Márcio F. Martinele

terça-feira, 7 de julho de 2009

Arriscar: Errar ou Acertar??


Por que estamos sempre com medo de errar, de não dar certo, de decepcionar alguém, de não ser como os outros, de poder ser nós mesmos, de encontrar?
Já pensou alguma vez em tomar o caminho contrário, aquele que você realmente quer saber aonde vai levá-lo, aonde vai dar, já pensou em arriscar ao menos uma vez, de tentar o que os outros dizem que não vai dar certo, de parar o que já começou?
Percebo que somos medrosos, que não arriscamos por medo de sofrer e ferrar com tudo, mas até quando vamos viver cheios de incertezas e dúvidas? Não seria melhor tentar, tirar a prova dos nove, e daí se der errado, pelo menos fizemos algo que realmente queríamos que possivelmente saciaria nosso ego e nos encorajaria para muitas outras derrotas ou conquistas.
Que tal tentar morar em uma outra cidade, aprender a dançar, trancar o curso chato e fazer aquele de música que seu pai fala que não vai te levar a lugar algum (um grande e respeitável homem de negócios), ou até mesmo ligar para aquela pessoa que você não bota fé, que tem medo de levar um não, e também ousar sair com aquelas roupas bregas, beijar alguém do mesmo sexo, sair sem rumo, escrever bobagens, ouvir músicas que ninguém conhece, ou seja, tentar ser você, não importa de que jeito.
Vamos viver de verdade, vamos tentar levar a vida a sério, mas, da nossa forma, entender o que é necessário para nós e não para a sociedade que nos observa incansavelmente, vamos fazer o contrário, vamos ser o que estamos tentando evitar.



Postado por: Fabiele Fortaleza