sexta-feira, 26 de junho de 2009

Brincadeira de mau gosto


“Grand Expo Bauru 2009 acontece em agosto e terá volta do rodeio” 19/06/2009

A notícia saiu no site da 94fm de Bauru.
Como descrito no perfil ao lado, possuo certa afeição por animais, e uma certa indignação quando os mesmo sofrem maus-tratos.
Muitas pessoas não sabem como funciona realmente um rodeio. Como o equino ou bovino pula?! Não é porque é treinado – assim como elefantes e leões em um circo que são chicoteados até aprender que devem saltar quando o domador mandar. Ainda pretendo escrever sobre isso -. Portanto vou tentar explicar: Os responsáveis pela prática, usam um artigo chamado "sédem", que é um cinto de couro. Ele é amarrado na parte traseira do animal, no lombo, um pouco pra frente das patas traseiras, acho que todos sabem onde é. Pois bem, esse cinto pressiona o animal para que ele pule. Ali se concentra parte dos intestinos, músculos, ossos e também onde fica a região do prepúcio, onde se alojam os testículos do boi ou cavalo. Portanto o animal pula DE DOR.
Pessoas que aprovam o ato de forçar as corcoveadas do animal alegam que eles só pulam durante 8 segundo por noite, sim, na arena, mas ele fica preso pelo sédem momentos antes da “apresentação” e momentos depois também. E devemos considerar que os peões treinam, alguns de 6 a 8 horas por dia, e acreditem amigos, o treino não é em um touro mecânico.
A festa é bonita, e tem sim um lado cultural, assim como o festival de Parintins, assim como pisar na brasa, capoeira, carnaval na Sapucaí, e até oktoberfest. Mas ainda assim não me deixa menos comovida a “brincadeira”, ou o “esporte”, como preferirem, em que se machuca um animal.
Mas alguém pode me perguntar, e a tradição?! Tradição norte-americana não é nossa. O sertanejo não é cowboy. Mas não vou colocar isso em questão, porque já entra personalidade, estilo, vontades, isso é individual e eu respeito.
O que eu quero mostrar, pra quem ainda não sabe, é que a prática do rodeio é cruel. Ela machuca menos que as horríveis touradas espanholas, tudo bem, mas não devemos medir dor, devemos extingui-la.



Me tira a calma
Me fere a alma
Me corta o coração
Se é luxo ou é lixo
Quem sabe é o bicho
Que sofre o esporão


Chico César – Eu odeio rodeio

Por Vanessa Aguiar

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Depois de dias sem uma postagem - espero que entendam, final de semestre - hoje teremos uma paticipação muito especial (desculpem o clichê!). Marcelo Giatti, o Loei, escreveu um texto bem bacana. E como esse é um blog muito democrático aceitamos sua contribuição, então leiam, comentem, opinem, critiquem, apreciem... todas as idéias são muito bem-vindas!!




Yoga Caipira

Sobrou algum caipira em Bauru? Ou fomos todos consumidos e levados a viver essa vida mais paulistana de correria louca?
O termo caipira (do tupi Ka'apir ou Kaa-pira, que significa "cortador de mato", é o nome que os índios guaianás do interior do estado de São Paulo deram aos colonizadores, cablocos, brancos, mulatos e negros).
Em nossos carros velozes, mentes mais rápidas, copos de cerveja mais vazios (ou mais cheios?), deixamos pra tras o cheiro do mato. E é o que nos diferencia de outros jovens. Essa educação, esse jeito e respeito pelo outro.
Esse cumprimento descabido. Esse jeito de falar cheio de vida e de verdade. Essa proximidade com o ser.
Proponho aqui, uma desacelerada repentina nessa vida de correria mental. Um Yoga caipira. Uma ida, mesmo que mental, ao sítio ou chácara de seus avós. Uma ida a uma cidadezinha do interior. Uma venda, um enroladinho de salsicha tomando guaraná (no sítio da minha vó era assim). Uma cavalgada. Uma caminhada descalça pela terra, pela grama. Pés molhados num riacho, cabelos molhados numa cachoeirinha. Atravessar um rio de correnteza branda, chegar do outro lado e sujar o shorts na beirada de terra úmida.
Galopar cavalos e tomar um café com leite da vaca logo cedo. Sentir vontade de gritar "Eu sou caipira de verdade! E não quero ser cowboy!". Por isso meu amigo, só por hoje, ande mais devagar, viva mais devagar, desligue seu computador, tire seus tênis, vá descalço até o sítio mais próximo, colha uma salada original da terra, frite uma mandioca bem gostosa e ouça um CD bem velho de viola... Faça Yoga caipira meu amigo e seja o que você quiser, só não seja algo que você não é.

Por Marcelo Giatti