quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mãe

Não é dia das mães. Ela não está viajando e não está doente. Não briguei, não a maltratei e nem a esnobei. Mas eu não poderia continuar vivendo sem deixar algo pra mulher da minha vida. Nós, homens, por mais incabível que pareça, também sonhamos com uma princesa encantada. Falo daquela que entende os seus defeitos, gosta do seu cheiro e ama até o tormento que a provoca. Respeita o teu limite e faz você crescer. Mostra que o erro é divino e que da vitória nada se aproveita, a não ser a ilusão. " Se errar, peça perdão, pois este é a maior benção que um homem pode ter, mas não fique remoendo seus erros pra sempre, pois todos nós somos falhos." Contos de fadas a parte, a minha princesa é a minha mãe. Lembro-me das dificuldades que tive quando iniciei minhas aulas de inglês. Os alunos de minha sala eram espertos, respondiam rapidamente e eu sentia aquele nó na garganta onde, por mais durão que era, acabava cedendo a tristeza pós aula. E ela, pacientemente, trazia um dicionário até meu quarto, e com extrema sabedoria me mostrava o caminho das pedras, como quem já tivesse passado por ali por várias vezes. Acho que foi isso que meu pai viu em seus olhos. Harmonia e vivência. Certa vez ela me disse que, se quisermos saber se realmente gostamos de alguém, basta imaginar tal pessoa em um profundo sentimento de tristeza. Se o seu coração balançar, o sinal é bom. Recentemente presenciei tal situação, mas de maneira inversa, de felicidade abundante. Meu coração treme até hoje.
Por Márcio Martinele